II e-Geincos: uma experiência de participação

01/06/2011 16:07

Maurício Pereira da Costa Junior*

Pablo Matias Bandeira**

José Carlos Nóbrega do Nascimento Júnior***

       

 

Inicialmente, na abertura do evento, foi relatado pela Professora Drª. Mirian de Albuquerque Aquino, a importância do mesmo no momento crucial em que a universidade vive em relação a política de cotas, fez uma breve consideração sobre a insuficiência na produção científica voltada para os assuntos étnico-raciais, ressalta também a responsabilidade/compromisso das Universidades com a população negra, e com a tristeza de todos os presentes foi dada a notícia do falecimento de um dos maiores ícones brasileiros na luta pela igualdade racial e direitos humanos.

Abordou-se uma temática de significativa relevância social, o direito à educação de todos os brasileiros, que embora tenha sido dito na constituição de 1823 que todos devem ter direito a educação, hoje em 2011, não podemos oferecer educação para todos. O tema “Responsabilidade ético-social das Universidades Públicas e a Educação da População Negra: a (in)visibilidade do(a) negro(a) na produção do conhecimento”, foi bastante discutido, opiniões diversas foram expostas, em função de que um país em que sua população negra é superior e essa população não aparece, tem algo de errado e o que de acordo com o que foi exposto é que o sucesso de poucos só acontece pela marginalização e preconceito de muitos. O palestrante Paulo Coelho nos trouxe dados em que onde a cada 1 negro Doutor que classificamos como vencedor, foi preciso que 50.000 negros fossem discriminados e marginalizados. A inclusão e importância social do negro, de acordo com o processo histórico da colonização européia nas colônias americanas e algumas ilhas atlânticas.

A lei nº 10.369/2003 luta pela inserção de temas afro-brasileiros dentro do programa de ensino básico. O papel da universidade foi bastante discutido durante o evento, apontando a existência de preconceito mesmo entre seus pares. Um exemplo claro é o julgamento de pessoas por sua aparência (etnia), preconceito o qual está presente em todos os meios, a convidada Simony Joaquim, representante da Prefeitura Municipal de João Pessoa fez uma importante explanação acerca de todo o conteúdo afro, desde os 380 anos de políticas de escravatura, até os dias atuais com oficinas, espaços de socialização étnicos, rodas de diálogos e atividades culturais.

Uma parte do evento que nos chamou atenção foi expressa em um trabalho apresentado no GT1 do dia 26 de Maio, em que a palestrante Elizenda Sobreira Carvalho de Sousa apresentou uma pesquisa realizada em ambiente virtual, que debatia sobre as cotas para negros nas universidades. Tendo em vista as respostas dos participantes deste debate, considerou-se então a revista de alguns entrevistados, “Cota é uma forma que não só discrimina os negros, mas também os brancos, acabando por ferir os nossos princípios de igualdade”, “Cotas não deveriam existir pois é mais uma forma de discriminação”, “É justo, penso que é o início da compensação de injustiça com a raça negra”, “Sou a favor, porém visa corrigir um problema histórico e não atual”, “Igualdade para superar o deficit com a sociedade.  

É notório com estas falas que a discussão acerca do tema é muito delicada, tendo em vista as diversas opiniões e pontos de vista apresentados durante o debate. O tema é de importante relevância atual, uma vez que as lutas pela inclusão das cotas raciais e socioeconômicas nas universidades ganharam força nos últimos anos.

O evento trouxe trabalhos que resgatam muito da história dos negros nas pesquisas em diversas áreas, o que não muda o foco central, que é a invisibilidade, embora existam muitos registros acerca do tema, se fizermos uma reflexão geral, a produção dos mesmos é mínima.

Para termos dimensão da importância social do negro na sociedade brasileira e em outros países que sofreram com o processo de escravidão, faz-se necessário compreender o processo educacional da população negra. De acordo com a professora Marília Franchesing Neto Domingos, o negro não é invisível, o que fazemos é tirar os óculos para não ver a identidade negra na sociedade [...].

Na apresentação do professor Waldeci Ferreira Chagas com o trabalho intitulado: “História e Cultura, afro-brasileira no currículo escolar”, tratou-se de alguns pontos importantes, como: a resistência coletiva, contextualização dos quilombos e das comunidades remanescentes, além de que o negro na sociedade atual. Elencamos alguns pontos importantes do negro no Brasil: cultura afro-brasileira na sociedade brasileira, negação/afirmação, invisibilidade/visibilidade, resistência/reinvenção/construção da identidade negra, sincretismo religioso, umbanda e jurema, irmandades e festas religiosas, organizações políticas, frente negra brasileira, teatro experimental negro, propósitos das organizações negras: liberdade, vivenciar a cultura africana no Brasil.

Algumas conquistas das populações negras no Brasil se fizeram em ações afirmativas, o que tem como objetivo reconstruir a nossa identidade e a nossa cidadania, assegurando o aprendizado, vivencia e o ensino de nossos costumes, pois somos de fato e de direito humanamente iguais, o que nos separa nada mais é do que a pigmentação a mais ou a menos em nossas peles, os negros ganham espaço em todos os campos da sociedade gradativamente, o reconhecimento existe, embora tenhamos atos isolados de racismo, não podemos tomar tal fato como parâmetro, e é com este pensamento que acreditamos que o Brasil é de fato um país de todas as etnias.

 

 

* Graduando do curso de Bacharelado em Biblioteconomia pela UFPB.

** Graduando dos cursos de Historia e Arquivologia pela UFPB.

*** Graduando do curso de Bacharelado em Biblioteconomia pela UFPB.

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