A Alquimia da Arquivologia

01/12/2012 15:47

François Braga de Azevedo Filho (*)

 

Nesses últimos dias, uma conversa com a Profa. Isa Freire e com meu amigo João Paulo (Arquivologia UFPB), me fez refletir como a Arquivologia é interdisciplinar e perceber que ela trabalha com a alquimia de áreas.

A alquimia que conhecemos é aquela que combina elementos da Química, da Matemática, da Filosofia e outras ciências, com uma pitada de Magia e coisas fantasiosas, como a transformação do chumbo em ouro. Essa alquimia contribuiu muito para avanços científicos, através das diversas experiências aplicadas tendo como alguns dos objetivos alcançar o Elixir da Vida e a transmutação de metais em ouro. Já a alquimia do trabalho do arquivista está mais próxima da realidade, em processo de desenvolvimento, e apesar de ter avançado muito nas últimas décadas ainda apresenta uma infinidade de possibilidades a serem descobertas.

A Arquivologia tem uma grande afinidade com a História e a Administração, com as quais possui uma relação antiga, mas também se relaciona com a Informática, colocando em evidência a tecnologia da Informação, com o Direito, na sua gestão documental, e com outras áreas, como a Biblioteconomia e a Ciência da Informação (Comunicação científica).  

A inter e a multidisciplinaridade são sempre exercidas com um especial olhar arquivístico, mas eis que surge a natural característica social da Arquivologia: ela se torna responsável pela criação de uma comunidade científica que interage a todo o tempo. Esse elo criado é o “sine qua non” para o desenvolvimento e o aproveitamento do potencial daqueles que partilham do conhecimento adquirido de cada área em particular.

Com minha ainda pequena experiência, vejo a GED (gestão eletrônica de documentos) como uma das experiências de transformação que a Arquivologia promoveu: ela transmuta a informação contida num suporte físico em um suporte digital. Pura Alquimia Arquivística!

Sou um admirador da TI, e na perspectiva da Arquivologia no mundo fantástico da Alquimia, a Tecnologia da Informação seria uma de nossas “Pedras Filosofais” da atualidade. Pois temos várias aplicações tecnológicas no dia-a-dia da prática arquivística, e com elas certamente iremos obter um “Elixir da Vida” para a Arquivologia.

A alquimia é a possibilidade de dobrar qualquer matéria a favor dos propósitos do alquimista; a Arquivologia, por sua vez, tem essa oportunidade, tem a competência para unir ciências, para fazer um intercâmbio cientifico metodológico entre campos científicos e, aproveitando o que cada um tem de melhor, trazer a inovação para seu campo profissional.

Pensei em alguns termos para definir esse pensamento de união da Arquivologia com a Alquimia, surgiram então: “alquimia arquivística” e “arqui-alquimistas”. Achei ambos interessantes e decidi divulga-los neste ensaio, onde registro a criação dos meus primeiros termos técnicos arquivísticos.

Espero tê-los interessado numa visão alquimista da Arquivologia, como uma condição de interação possível de fazer parte da identidade do arquivista. Certamente ainda há muito para se descobrir no campo da Arquivologia, muito a contribuir em qualquer campo científico para onde “alquimistas” volverem seu olhar arquivístico. Depende de nós, “arqui-alquimistas” do presente, de frente para o futuro.

 

* Graduando do Curso de Arquivologia da UFPB. Monitor do Departamento de Ciência da Informação da UFPB. Equipe de mídias digitais.

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